A Palavra em Crise

 

A Palavra em Crise

O jornalista Zuenir Ventura escreveu uma interessante crônica no O Globo de hoje, 25/03/17 (*): “A palavra em crise.” Partindo-se do pressuposto de que a linguagem é o que primeiro se degrada quando um país se corrompe, Zuenir apresenta vários exemplos, inclusive de um destempero verbal entre dois representantes das mais altas instituições nacionais, mas que teria mais a ver com a decadência das relações políticas e institucionais do que com a crise da palavra escrita e falada, que é mais geral e é atribuída à difusão da chamada “linguagem virtual”, praticada principalmente pelos jovens internautas.

 E dá exemplos de textos retirados da rede: “Og v6s naum tem 9da10.” Tradução: “Hoje, vocês não têm novidades”. Estariam os internautas, questiono, inconscientemente, criando uma “Novilíngua” como aquela imaginada por George Orwell, a serviço de uma ditadura hiper totalitária em seu livro “1984”?

 Uma língua enxugada de tudo o que era considerado supérfluo, com o objetivo de reduzir o escopo do pensamento e onde a manifestação artística não teria vez? Por exemplo: para se contrapor ao “bom” criava-se o “imbom”e para qualificar o melhor que bom, o “plusbom”, abolindo-se o “mau” e o ótimo”, por desnecessários. Voltando ao Zuenir, ele dá outro exemplo de mais uma aberração: “ao reclamar por não estar entendendo uma mensagem, recebi como desculpa: É a `preça´. Informei então que se gasta o mesmo tempo escrevendo a palavra certa.”

25 de março de 2017

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(*) Como veem, a crônica foi escrita, e postada, no FB em 25/03/2017. Ao revisitá-la, constatei sua absoluta atualidade, eis porque a estou postando aqui no meu blog na data de hoje 06/07/2025.