quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Uma questão de Ética


Uma questão de Ética

O professor Ben Dupré, em seu livro “50 ideias de filosofia que você precisa aprender” (Planeta, 2007) coloca a seguinte situação:
“O sr. Quelch não sabia se tubarões tinham lábios e, se tinham, se podiam lambê-los; mas sabia que, se tivessem e pudessem, era exatamente isso que estavam fazendo agora. O balão caía cada vez mais rápido na direção do mar, e ele podia ver claramente, descrevendo círculos na água, as muitas barbatanas dos tubarões reunidos para jantar (...) O sr.  Quelch sabia que nos próximos dois minutos ele e os melhores alunos de Greyfriars [uma escola fictícia britânica] virariam isca de tubarão ― a menos que se livrassem de mais lastro. Mas tudo já havia sido jogado fora do cesto ― tudo o que restava eram os seis meninos e ele. Era óbvio que só Bunter tinha peso suficiente para salvar o dia. Uma situação difícil para o Corujão Gordo, mas não havia outra saída... [está implícito que o sr. Quelch, o único capaz de manejar o balão, não seria uma opção de alívio de lastro].”

            Só existem mesmo duas opções: os seis meninos, incluindo Bunter, caem no mar e são devorados pelos tubarões, ou apenas Bunter é jogado no mar e comido. Para Bunter, o desfecho seria o mesmo, iria morrer de qualquer forma, mas, no caso dele ser atirado fora do balão, os demais se salvariam. É o que se chamaria uma “Escolha de Sofia”. Dupré provoca: é valido sacrificar Bunter? O fim (salvar várias vidas inocentes) justifica o meio (tirar uma vida inocente)? O que você faria? Está em jogo uma importante linha divisória de ética ― a linha que separa as teorias baseadas no dever (deontológicas) e as baseadas nas consequências (consequencialistas).

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